Agora a Usina é das Artes

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A entrevista com o diretor teatral e coordenador do projeto Usina das Artes, Caco Coelho, apresenta a lógica do trabalho cultural lá desenvolvido e o universo que engloba esse projeto, que pode ser considerado um dos pioneiros no Brasil.

Por que a usina?

Caco: “A Usina do Gasômetro era uma espécie de elefante branco da cidade. O porto-alegrense busca sua identidade. Assim, o prédio antes sem vida, agora, proporciona um ambiente para essa busca”.
O “espaço morto”, localizado na área central da capital, torna-se um símbolo para a cidade e fomenta a busca pela identificação entre as tribos. Várias empresas e patrocinadores colaboraram com o projeto por apostar na idéia. O prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, é um dos grandes incentivadores.

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Como funciona a Usina das Artes?

Caco: “A ideia é a de uma arte continuada que desenvolva uma linguagem de comunicação e de identidade”.
Para isso, segundo o edital * do Processo Seletivo 04//2008 – 1.049659.08.1 para ocupação de espaços na Usina do Gasômetro, poderão participar do projeto Usina das Artes os grupos que tenham realizado suas atividades de natureza artístico-cultural, em Porto Alegre, de forma ininterrupta, nos três últimos anos, comprovadas mediante apresentação de folderes de divulgação, programas de peças, reportagens de jornais, etc. Cada grupo inscrito deverá apresentar um plano de trabalho, nomear um representante e deverá apresentar um número mínimo de 40 atividades durante o ano.

*Cedido pela diretoria da Usina das Artes. Exemplar do ultimo processo seletivo, não disponível eletronicamente pela Usina. Para maiores informações sobre o próximo processo, falar diretamente com a diretoria pelo fone 32898102, ou diretamente no local.

Caco salientou a movimentação crescente de público na usina em função da, também crescente, produção artística e interesse dos grupos que ali se instalam encontrando ambiente propício para se desenvolver. Desde 2005, quando a Usina das Artes foi lançada, mais de sete mil atividades abertas ao público já foram realizadas. E, por ano, estima-se a circulação de 1 milhão de espectadores.

Cultura e Arte

Caco: “Cultura e Arte são coisas diferentes”.
A cultura é o todo. São os alimentos, os hábitos, o trânsito e tudo o que faz o homem interagir. A Arte, sendo percebida, passa a ser um elemento cultural, pois é capaz de comunicar algo, tem a função de ampliar as fronteiras da sociedade. Desta forma, cria-se um conceito de humanidade. É necessário que o “eu” crie um conceito, entretanto, mais importante será a identificação do outro com tal para que este conceito exista de fato. Trata-se do homem reconhecendo o homem.

O Uno X O Alheio

Caco: “Antes do ser “eu” existe o ser “tu” ”.
A Grécia da antiguidade ajudou a configurar o pensamento e o modo de vida ocidental. Atenienses vencem os persas e o embate é representado posteriormente nos palcos pelos vitoriosos, incorporando a posição dos derrotados. Ésquilo nasce numa família nobre ateniense e luta contra os persas. Segundo Aristóteles, é o criador da tragédia grega. Nasce o teatro com a percepção da dor do outro. Esta foi a primeira peça escrita que chega ao conhecimento humano. O conceito de humanidade se apoia, então, na percepção do homem pelo homem no memento em que se importa com o próximo.

A procura da identidade

Caco: “O princípio da arte e do ser humano é o encontro e a identificação com o outro”.
Vivemos em uma época em que a falta de modelos culturais próprios e a não identificação com os propostos ou importados causam um vazio na identidade das pessoas. Países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos, por exemplo, acabam incorporando culturas externas, muitas vezes impostas pelo ritmo da globalização, que não condizem com sua realidade histórico- cultural. Isso causa o sentimento de não pertencimento à determinada tribo. Podemos assim citar o Norte-americanismo, que além de invadir o padrão ocidental, atualmente tem atingido diretamente o modo de vida oriental. A cultura de massa e o american way of life, apesar de incorporados, nem sempre saciam a carência da identidade pessoal. Adota-se um modelo como único, entretanto há impossibilidade de identificá-lo em si.


O diretor, a Usina e as artes ganham espaço entre os meios de comunicação. Em parceria com o jornal Correio do Povo, a agenda das atividades, e as “Crônicas da Cena”, semanalmente escritas por Caco, são veiculadas na sessão Arte & Agenda. Vale a pena conferir.

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Plus! Música!
Em homenagem às atividades da usina, a banda Perturbadores, de Porto Alegre, compôs um música que contempla as artes e movimentos do espaço. João Coimbra, estudante de Jornalismo da UFRGS, guitarrista e vocalista da banda, além de integrante da assessoria de imprensa da Usina das Artes, indicou o link para quem se interessar: Perturbadores no Trama Virtual

Uma resposta to “Agora a Usina é das Artes”

  1. João Says:

    Bah tão se puxando no blog hein, sempre matérias novas e completas, é isso que faz a diferença pro jornalista depois
    Bjão
    apareçam lá na Usina

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