A sociedade marginalizada está no Teatro do Beco

O Teatro do Beco, em sua segunda temporada, dá ênfase ao segmento marginalizado da sociedade. A desfragmentação da família, o abuso infantil, os miseráveis e os que são invisíveis para a população. A pintura corporal transformando os personagens em parte do cenário deflagra exatamente a problemática da exclusão. Trata-se do segmento que é visto como um peso para a sociedade, que costuma ser removido e não incorporado às relações.

In-concretus: Bodypainting. Ao fundo, palco e escada para a entrada.

In-concretus: Bodypainting. Ao fundo, palco e escada para a entrada.

A cena

Os artistas distribuem-se pelo local, nas escadas, no palco, no poledance, nos sofás. Os espectadores não sabem direito onde se posicionar para assistir o espetáculo, e quando percebem, estão no meio da cena. Logo algum artista encaminha as pessoas a olharem para algum lugar ou se locomover até outro. Algumas pessoas se sentiram desconfortáveis logo na entrada do Teatro: para chegar até o ambiente interno era necessário passar pelo palco. E mais, era preciso a ajuda dos artistas para conseguir descer a escadinha branca de metal do mesmo. O cenário já estava vivo, os personagens já estavam atuando em seus micro universos enquanto todos se acomodavam e iam conhecendo as figuras e espaços da peça. Cheiros, música, ruídos, luzes criavam a atmosfera para a apresentação da temática desconcertante.

Mimetismo humano

Mimetismo humano

O público

Segundo algumas pessoas que já haviam assistido a primeira temporada, o público aumentou e a cada reapresentação costuma crescer em função da divulgação e dos comentários da peça. Quem costuma frequentar as festa do Porão acha que ainda é pequeno o público do teatro em comparação com o da noite. Entretanto, não seria possível fazer a apresentação com a casa lotada em função da necessidade de espaço dos artistas. Além do mais, esse mesmo público frequentador normalmente se identifica com as peças, pois já faz parte da casa dar festas e promover eventos “diferentes”.

Ao término do espetáculo, artistas e espectadores estavam completamente misturados. A música começou a tocar e a festa imediatamente teve início. Para a maioria das pessoas presentes era a primeira vez que prestigiavam a atração da Beco Produtora e tiveram boas impressões do que assistiram. Confirmam, “É diferente!”. Manoela Ribeiro, estudante de Artes Visuais da UFRGS que estava cobrindo o evento, fotografando as cenas e os personagens também se surpreendeu. Segundo a estudante, o teatro era tão dinâmico que ficava difícil se concentrar em prestigiar e fotografar ao mesmo tempo, principalmente em função da pouca luminosidade do local e da dispersão dos artistas pela casa, o que exigia maior cuidado na hora de fazer os registros. Manoela, que é frequentadora do Porão, salientou que deveria voltar na próxima semana fazendo parte da plateia para apreciar, de fato, a peça.

In-concretus e Acessos: Porão continuam em cartaz nessa Sexta-feira, 12.

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Teatro do Beco informa: No dia 19 de junho, acontecerá a segunda festa do Teatro do Beco, com a Bandinha Dí Dá Dó, performances circenses, exposição de fotos de Fernanda Chemale, Heinz Limaverde, Performance de Luciano fernandes e Jaque Bueiro (personagem de Jeffie Lopes). No som Schultz, Machuca, Balkan Beats – Lili e Estevan, Bande à Part. Além dessas atrações, Marcos Breda e Déborah Finnochiaro apresentam a leitura dramática “O Homem e a Mancha”, em única apresentação.
A casa abre às 21h. O espetáculo inicia às 22h. O valor é R$12 (até 23h) e R$15 (após 23h).

Porão do Beco chama! “Ponha mais teatro no seu cardápio.”

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